A Preservação da nossa Mata Atlântica e Unidades de Conservação

No ano de 1913, o Botânico suéco Albert Löfgreen propôs a criação do Parque Nacional de Itatiaia, esta apoiada pela sociedade geográfica do Rio de Janeiro, porém foi criada apenas no ano de 1937, no lugar de uma Estação Biológica. 

O médico e zoólogo dr. Hermann Friedrich Albrecht von Ihering, no ano de 1909 estava criando seu "Parque Cajuru", nos limites do planalto paulistano e a escarpa da Serra do Mar, na parte alta de Paranapiacaba. Em 1912 passou a fazer parte do Instituto Botânico de São Paulo. Por isso, acho que a Reserva Biológica Alto da Serra de Paranapiacaba (antigo Parque Cajuru) deveria ser tão conhecida e citada como o Parque Nacional de Itatiaia. ["Chorumélas" à parte]

Alberto Loefgreen, juntamente com outros não menos foram pessoas de grande importância para a conservação e preservação da natureza brasileira. Acreditem, até Dom Pedro II teve sua importância nessa área. Ele foi responsável pelo primeiro grande programa de recuperação de uma área degradada de Mata Atlântica. Nomeou o Major Manuel Gomes Archer como administrador da Floresta da Tijuca. Juntamente com 6 escravos e alguns assalariados iniciou o plantio de "arvoredos do país", este durou mais de uma década e foi responsável pelo restabelecimento da qualidade e quantidade de água da floresta que havia sido dizimada. (Resenha: Águas e Florestas da Mata Atlântica , SNUC - série de cadernos da RBMA e outros)

Hoje em dia, se perguntarmos à muitas pessoas, qual o melhor e mais rápido modo de proteger a fauna e a flora, certamente muitos responderão que a Educação Ambiental é a responsável por uma conquista assim. 

Um exemplo muito fácil, é imaginar tentar ensinar um cão não comer suas galinhas e deixá-lo livre enquanto isso ou cercar o galinheiro enquanto ensina-o a não caçar as galinhas. Pensar em ensinar o cão sem antes evitar o acesso dele ao local das galinhas é como não criar Unidades de Conservação e exigir que o homem tenha consciência de que destruir a natureza, de muitas maneiras é incorreto. Criando antes uma Unidade de Conservação, você terá meios de reduzir o acesso enquanto simultaneamente acontece a sensibilização por meio da Educação Ambiental. Além disso, protege a área por meio de leis. Disso normalmente o homem tem medo. A Educação Ambiental talvez nem atinja um caçador diretamente, e sim talvez um irmão ou filho o sensibilize por meio de conversas e exemplos. Já as leis servirão como uma cerca psicológica, mas não o educa; portanto onde não tiver leis o homem terá a vontade de voltar a fazer o que lhe impediram em outro local. 

Unidades de Conservação da Natureza - Espaço territorial e seus recursos ambietais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituido pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. (Art. 2ºa, - Lei Fed. 9.985/2000)

A Mata Atlântica é um bioma complexo, que se estendia desde a zona da mata nordestina (Rio Grande do Norte e Paraíba) até a região costeira de santa Catarina, fronteira com Rio Grande do Sul (SMA, 1990), é a segunda maior floresta tropical do Brasil, 3º maior bioma do país, conhecida mundialmente como Hotspot para a conservação e bioma onde se deu início a ocupação dos portugueses, a grande devastação e, onde hoje estão as cidades com o maior PIB do país, as cidades com maior densidade populacional, entre outras coisas ruins e
outras boas também. No estado de São Paulo estão as áreas mais ameaçadas desse bioma e também a maior área preservada. As áreas mais ameaçadas são áreas próximas à Serra do Mar, Cantareira, às represas e Áreas de Proteção aos Mananciais. O crescimento desordenado é uma das grandes ameaças à essas áreas. Em contraponto a inclinação da escarpa da Serra do Mar, faz com que nela esteja a área mais preservada, entorno de 2 a 3% de mata original.  Na mata atlântica está a maior Unidade de Conservação do Estado - o Parque Estadual Serra do Mar, criado em 1977, composto por 8 núcleos, e atualmente administrado pela Fundação Florestal de São Paulo.

Tão importante para a proteção dos bens naturais, as Unidades de Conservação na Mata Atlântica nos fornece melhores ambientes para lazer, recreação e integração com o ambiente natural; mesmo assim existem várias áreas onde isso não é possível de se fazer agradavelmente. Isso por conta de falta de fiscalização, segurança. Então não é raro encontrar pessoas sem acompanhamento de monitores ambientais em locais que não é permitida a visitação sem acompanhamento, não raro também é encontrar marcas de que áreas foram utilizadas como o que conhecemos por "Matel" na linguagem popular. Num passeio no ano de 2009, contei mais de 15 embalagens de preservativos em menos de 20 metros de trilha. A deficiência de fiscalização propicia isso, já esses vestígios afastam ainda mais a visitação de famílias e consequentemente se torna mais um obstáculo para a promoção da Educação Ambiental. Pois famílias se sentirão mais seguras em Parques Urbanos em grandes centros ou mesmo num fast-food qualquer do que numa área de grande vegetação. 

Na minha opinião e certamente na opinião de muitos parceiros que atuam no campo da Educação Ambiental, a melhor maneira de incentivar a preservação de determinadas áreas é atrair famílias, porém fazer com que essas famílias multipliquem a ideia de Unidade de Conservação como contato com a natureza.

Passe adiante essa ideia e quando for numa Unidade de Conservação, procure o acompanhamento de Monitores Ambientais credenciados. 

Fotos:

1 - Núcleo Pedra Grande  - Parque Estadual da Serra da Cantareira - FF

2 - Polo Ecoturistico Caminhos do Mar - Núcleo Itutinga Pilões - Parque Estadual da Serra do Mar - FF 

3 - Parque das Neblinas - Ecofuturo

4 - Parque Estadual Alberto Loefgreen - "Horto Florestal" - IF

5 - Monitoria Ambiental em Paranapiacaba - Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba